*Por Luciana Silveira
Não é de hoje que a governança corporativa tem ganhado espaço nas empresas e despertado o interesse no noticiário. Esse movimento se intensificou nos últimos anos, na esteira das discussões sobre a agenda ESG, e, de fato, vem provocando mudanças nas organizações porque se conecta com demandas da sociedade por um mundo mais equilibrado, integro e transparente. Vejo no mercado uma disposição maior de “organizar a casa” com processos, políticas e normas bem definidas para transmitir credibilidade. E os CEOs também estão sendo cobrados por isso.
Uma pesquisa realizada este ano nos EUA pela FTI Consulting concluiu que a ética é a característica mais esperada de quem ocupa o cargo máximo em uma organização, tanto por funcionários quanto por investidores, com 36% dos votos, à frente até da empatia. Outro estudo, também produzido em solo americano, corrobora esta visão: a integridade de CEOs, no contexto de analisar riscos e tomar decisões conscientes, é considerada uma de suas principais qualidades, aliada à capacidade de inovar.
E o compliance com isso?
Sendo um braço da gestão de riscos, o compliance ajuda a governança corporativa a funcionar na prática. Nos últimos anos, grandes empresas adotaram pré-requisitos em negociações comerciais e, inclusive, passaram a desistir de acordos quando a outra parte não tem mecanismos de controles bem estabelecidos.
Costumo dizer quer o departamento de compliance pode ser um pilar de negócios nas organizações que levam o tema a sério ao mitigar riscos, prevenir perdas e, consequentemente, gerar valor para o negócio.
Como exemplo do apoio que pode ser dado em decisões estratégicas, posso citar operações de M&A em que duas empresas unem suas atividades e os riscos precisam ser muito bem calculados. Nessa mesma linha, a análise sobre prós e contras da expansão de uma organização para outro país ou continente, com leis e culturas radicalmente diferentes, o mapeamento dos riscos de compliance local trazem maior clareza da probabilidade de retorno do investimento.
São momentos delicados em que a alta liderança – tanto CEOs quando os Conselhos de Administração – precisam ter acesso a informações, indicadores e dashboards para tomar decisões confiáveis e rápidas, o que demanda objetividade sobre eventuais pontos de atenção, informações-chave bem organizadas, transparência com dados críticos e uma comunicação visual de alto impacto.
Note que tudo isso faz parte de uma boa governança corporativa e contribui para a saúde do negócio. Note, também, que o caminho para chegar neste nível de detalhe passa por uma boa análise dos dados.
Gestão de dados inteligente
Sou uma defensora da automatização das tarefas massivas do compliance e acho que ela pode impulsionar o desempenho da área, como acontece na Neoway, onde a tecnologia cuida de boa parte das análises de due diligence a partir de redflags pré-estabelecidas.
Imagine poder delegar a uma plataforma a missão de fazer uma ampla varredura em diversas fontes de dados e receber alertas em casos suspeitos em vez de pesquisar, à mão, informações em diversas listas restritivas, CNPJ por CNPJ. Os ganhos de velocidade, volume e precisão são enormes, e valem tanto na gestão de terceiros, quanto nas análises de conflitos de interesse, assim como no onboarding ou no monitoramento periódico de riscos.
Especificamente sobre monitoramento, a automatização é ainda mais decisiva e fundamental para respostas rápidas sobre casos suspeitos que envolvam as partes interessadas no negócio. Com o Neoway Watcher, por exemplo, é possível acompanhar automaticamente milhões de dados públicos sobre empresas e sócios e, assim, tomar decisões tão logo eventuais redflags surjam.
Outra funcionalidade que facilita muito a vida dos compliance officers é o mapeamento de mídias adversas, utilizado para monitorar menções negativas que possam trazer riscos legais ou reputacionais à marca. Dessa forma, a gestão do negócio ganha em agilidade, segurança e previsibilidade. Os CEOs agradecem.
*Luciana Silveira é Chief Compliance Officer na Neoway