Risco de crédito: como funciona e critérios para análise

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Empresas que atuam com concessão de crédito para diversos tipos de clientes, como, por exemplo, instituições financeiras, redes varejistas e concessionárias de veículos têm um grande desafio quando o assunto é fazer a análise do perfil do futuro cliente e determinar o risco de crédito da operação.

Risco de crédito nada mais é do que a chance do cliente – seja ele pessoa física ou jurídica -, deixar de honrar o pagamento da dívida adquirida.

Mesmo tomando todas as precauções e seguindo políticas de gestão de risco de crédito para minimizar as ameaças de inadimplência, vender ou emprestar valores a prazo é sempre uma ação complexa para qualquer tipo de negócio.

Nesses casos, o ideal é sempre controlar e buscar reduzir ao máximo os riscos da operação, com uma análise completa dos solicitantes do crédito.

Especialmente no Brasil, esses cuidados precisam ser levados à risca, já que no país a inadimplência e o nível de endividamento são altos.

Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mais de 65% das famílias brasileiras têm dívidas com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e/ou seguro.

E somente em 2019, 61 milhões de pessoas terminaram o ano inadimplentes bem como 6,1 milhões de empresas, que também tinham contas em atraso.

Vale aqui fazer uma diferenciação entre dívida e inadimplência. A dívida é o compromisso que ainda não venceu, ou seja, ainda o pagamento ainda está dentro do prazo acordado.

Já a inadimplência acontece quando esse prazo expira e a quitação do valor (total ou parcial) não é realizada.

Mas, quais os tipos de risco de crédito? De forma geral, os riscos podem ser classificados como:

  • De primeira categoria – representam um nível mais alto de inadimplência do cliente. Por isso, é fundamental ter uma análise mais rigorosa sobre o perfil do solicitante e suas garantias de pagamento. Pode-se, por exemplo, requisitar um avalista para o empréstimo.
  • De segunda categoria – neste caso, existe o risco, mas ele é considerado mais baixo. De toda a forma, uma análise criteriosa ainda é indispensável para eliminar ou reduzir as possibilidades de não recebimento do valor.

Se você quer entender melhor sobre esse assunto e como é possível fazer a análise e a gestão do risco de crédito de forma eficiente, siga a leitura.

Preparamos um conteúdo completo com um passo a passo e boas práticas e mostramos como o Big Data Analytics dá segurança e agilidade ao processo. Acompanhe!

Como funciona o risco de crédito no Brasil?

A crise financeira de 2008 estabeleceu novos parâmetros para a gestão do risco de crédito. A “bola de neve” causada pelo crédito fácil nos Estados Unidos atingiu negativamente toda a economia mundial.

O impacto global da crise fez com que empresas e, principalmente, os bancos, revisassem suas regras para empréstimos e financiamentos.

Órgãos reguladores de todo o mundo passaram a exigir critérios mais rígidos e transparência na aprovação de crédito. Especialmente as instituições financeiras tiveram que buscar ferramentas e metodologias mais seguras e eficientes para análise dos perfis dos clientes.

Todo esse esforço fez com que o Acordo de Capital da Basiléia, que nasceu para reforçar a confiabilidade e estabilidade do Sistema Financeiro Internacional, fosse atualizado em 2010.

O Basileia III trouxe uma carga regulatória ainda mais rigorosa para os bancos, e afetou, também, outras empresas que atuam na concessão de crédito.

O Brasil segue as diretrizes do Basileia III, mas, por aqui, suas bases entraram em vigor efetivamente em 2013.

A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) tem um material completo com as principais medidas do Acordo de Basiléia III e sua aplicação no Brasil.

Uma das formas de minimizar os riscos de fraudes na concessão de crédito é realizar um onboarding de clientes com segurança e eficiência.

Qual é a importância da análise de risco de crédito?

A imagem mostra duas mãos. Uma delas está digitando em um teclado, ao lado de um mouse. A outra segura um cartão de crédito. Entre elas, há uma bolsinha de couro.

Toda operação de concessão de crédito ou de venda a prazo envolve riscos, já que, apesar de todos os cuidados, nunca é possível ter certeza de que o valor concedido será totalmente pago da forma acordada e sem litígios.

A inadimplência não segue um padrão e ocorre em todas as classes sociais. Além disso, uma série de variáveis podem fazer com que o contrato não seja cumprido em sua totalidade pelo cliente, como, por exemplo, questões de saúde ou de trabalho.

Assim, alguém que no momento de contratar um empréstimo aparenta ter condições financeiras, pode não ter os recursos na hora de quitar a dívida.

Mas, esse risco pode ser minimizado se a avaliação inicial for completa e rigorosa, permitindo que a empresa conheça melhor o perfil daquele cliente e os meios que ele tem para realizar o pagamento.

Dessa forma, é fundamental ter metodologias e ferramentas para administrar o risco de crédito, mantendo-o controlado dentro dos padrões apropriados de gestão. Assim, as empresas podem ter segurança nas suas operações.

Quais são os critérios para análise de crédito?

Para que a concessão de crédito seja feita com segurança, é importante se considerar uma série de informações do futuro cliente relacionadas ao seu CNPJ ou CPF) , como, por exemplo, dados financeiros e situação socioeconômica.

São essas informações que irão ajudar a mensurar a probabilidade e a capacidade de pagamento do indivíduo ou da empresa.

Tal avaliação (muito utilizada em análise de risco de crédito bancário) é baseada em alguns critérios, conhecidos como os 6 C’s do crédito.

Para a tomada de decisão mais segura, convém considerar cada uma dessas variáveis no processo de concessão de crédito.

Os 6 C’s do crédito

A imagem mostra ícones para cada um dos 6 Cs do crédito: caráter, capacidade, capital, colateral, condições e conglomerado.

Caráter

Está vinculado ao histórico financeiro do cliente e sua reputação no mercado. São analisadas, principalmente, as transações efetuadas no passado.

Capacidade

Diz respeito à capacidade do cliente em saldar a dívida.

Capital

Corresponde ao patrimônio líquido da empresa-cliente e seus sócios. Tudo aquilo que compõe o inventário de quem está solicitando o crédito.

Colateral

Este outro C, usado para analisar o risco de crédito nas instituições financeiras, refere-se às garantias dadas em troca do crédito. Podemos citar como exemplo equipamentos da empresa, imóveis, ativos, entre outros.

Condições

Leva em conta a atual situação financeira do cliente, suas perspectivas e o seu potencial para aumentar ou diminuir ganhos.

Conglomerado

Está relacionado à situação econômica de outras empresas inseridas no mesmo grupo corporativo daquele perfil sob análise. O levantamento considera como essas outras organizações podem afetar positivamente ou negativamente o pagamento da dívida.

Como fazer análise de risco de crédito? Veja passo a passo

A ilustração traz um cofre dentro de um notebook. Ao lado, são listados os passos para fazer a análise de risco de crédito.

De modo geral, para se conceder os valores da forma mais segura possível, é preciso buscar e cruzar uma série de informações de CPFs e CNPJs em bancos de dados como Junta Comercial, SPC e Receita Federal.

Os processos também devem ser rigorosos, mas sem perder a agilidade na análise. Isso porque uma demora exagerada no retorno sobre a concessão (ou não) do crédito pode acabar levando o cliente para a concorrência.

Mesmo assim, a análise do risco do crédito deve proteger as empresas (lojas, bancos, concessionárias, etc) de prejuízos futuros, mesmo que para isso seja necessário vetar algumas vendas/empréstimos.

Na esteira de avaliação, que é o processo completo de gestão do risco de crédito, temos quatro etapas básicas, que vão desde a análise inicial até uma possível recuperação da dívida.

Vamos conhecê-las na sequência.

1. Análise

Esse é o primeiro passo, seja para avaliação de clientes Pessoa Física ou Pessoa Jurídica. Nessa etapa, além de informações sobre o histórico e a capacidade técnica e financeira de pagamento do perfil que solicita o crédito.

Também deve ser feita uma análise criteriosa em relação a fraudes, prevenção à lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo e Pessoas Expostas Politicamente (PEPs).

Destacamos aqui a importância de contar com bons procedimentos de onboarding de clientes e diligência prévia, para o cumprimento de normas como a Lei n. 9613 e circular n. 3978 do Banco Central.

2. Operação

Na esteira de aprovação do crédito, o segundo passo a ser dado pelas instituições após a validação positiva do perfil é averiguar critérios mais específicos da operação.

Nesse sentido, são considerados aspectos como:

  • Características e estrutura do financiamento/empréstimo;
  • Adequação da operação solicitada às necessidades do cliente;
  • Argumentação da operação de acordo com ratings internacionais e com a classificação de riscos conforme a escala do Banco Central.

3. Acompanhamento

Após a análise do perfil e da avaliação do risco de crédito, outro passo fundamental é seguir com um monitoramento contínuo dos clientes e das operações, até que todo o processo seja concluído (quitação total do crédito).

Nesse aspecto, a instituição precisa criar processos de acompanhamento periódico para avaliar com frequência o status do cliente a partir de varreduras constantes que consideram pontos como:

  • Situação financeira atualizada do cliente, incluindo informações qualitativas e quantitativas;
  • Movimentações financeiras fora do padrão;
  • Outras operações de crédito ou dívidas existentes;
  • Evolução da economia e do setor de atuação do cliente;
  • Monitoramento de outros grupos de interesse ligados aos clientes analisados, especialmente os de Pessoa Jurídica, como seus sócios e parentes;
  • Inclusão em processos judiciais.

4. Recuperação

Apesar de as instituições trabalharem para não ser necessário chegar a essa etapa, a recuperação do crédito em caso de inadimplência deve ser considerada e planejada antes que se torne um litígio judicial.

Com base em uma análise, é preciso atualizar o perfil do devedor, os meios que ele tem para pagar a dívida e buscar seus contatos e endereços atualizados.

Outra necessidade é estabelecer processos e fluxos claros de cobrança. Entre eles, destacamos:

  • Buscar ativos (tangíveis e intangíveis) dos devedores;
  • Definir o Valor Estimado de Recuperação (VER) de cada cliente inadimplente;
  • Segmentar contatos a serem cobrados, priorizando aqueles com melhor propensão a efetuar o pagamento;
  • Ter a localização e o contato de devedores atualizados, o que possibilita formalização da cobrança e formas de negociação.
Panorama das Fraudes

Como mitigar o risco de crédito?

Para fazer uma gestão de riscos de crédito eficiente, é preciso reunir informações do maior número possível de fontes relevantes.

Além disso, elas devem estar acessíveis em tempo integral, serem constantemente atualizadas e facilmente compreendidas por todos os envolvidos no processo, o que significa que devem estar bem estruturadas.

Se tais procedimentos não forem otimizados, há um impacto negativo na produtividade da análise, o que irá gerar atrasos e aumento de riscos na concessão do crédito.

Veja mais sobre como mitigar riscos no artigo “Plano de mitigação: 7 práticas para reduzir riscos corporativos”.

Como analisar risco de crédito para Pessoa Jurídica?

Para analisar o risco de crédito relacionado a Pessoas Jurídicas, é preciso realizar uma verificação completa no CNPJ.

Devem ser consultados, por exemplo, o número de ativos, passivos e capital próprio da empresa, as dívidas trabalhistas ou com a União, processos judiciais, certidões negativas, etc.

Esse procedimento difere das consultas realizadas em CPFs, em que a busca é por bens, participação societária, renda estimada, vínculos empregatícios, dívida ativa, etc.

Por meio dessas pesquisas pode-se saber se a negociação será efetivada com um ‘bom’ pagador com condições de quitar a dívida adquirida.

Entenda quais são as boas práticas para fazer a gestão de risco de crédito

Determinar e classificar os perfis de risco

Clientes com perfis “desfavoráveis” dentro dos critérios já citados anteriormente devem ser classificados com perfil de risco. A instituição, nesse caso, deve avaliar se quer ou não assumir o risco de um empréstimo.

Ter regras atualizadas e monitorá-las

Além de contar com uma política de crédito que possibilite ações seguras e eficientes, os processos precisam ser constantemente monitorados e reavaliados para manter a atualização e eficácia.

Definir limites para o crédito

Para evitar prejuízos com a inadimplência, o ideal é sempre definir um limite seguro de crédito a ser concedido para cada perfil analisado. Aqui, o ponto fundamental é avaliar a capacidade de pagamento.

Automatizar a análise de risco de crédito

Uma das maneiras mais simples para tornar a operação de análise de risco de crédito eficiente, rápida e segura, é utilizar tecnologias já disponíveis, especialmente a Inteligência Artificial e o Big Data.

Com esses sistemas, os processos, além de automatizados, se tornam mais precisos e seguros ao contar com a revisão – tanto inicial quanto contínua -, de inúmeras informações relevantes. Falaremos na sequência sobre o funcionamento desse tipo de ferramenta.

Como Big Data Analytics pode ser usado na análise de risco de crédito?

Como Big Data Analytics pode ser usado na análise de risco de crédito?

Uma das maneiras mais simples para tornar a operação de análise de risco de crédito eficiente, rápida e segura, é utilizar tecnologias já disponíveis, especialmente a Inteligência Artificial e o Big Data.

Plataformas baseadas em Big Data Analytics e machine learning, como a Plataforma Neoway Risk & Compliance, permitem reunir em um só sistema dados estruturados e atualizados de diferentes fontes, e possibilitam o cruzamento rápido destas informações.

Assim, é possível ter uma visão mais ampla e em tempo real dos riscos relacionados a cada perfil de cliente e realizar análises preditivas para a tomada precisa de decisão.

O uso da tecnologia aprofunda os processos de análise de dados e informações, permitindo às empresas lidar com diferentes fontes de análise.

Entre elas destacamos o histórico de transações financeiras, bancos de dados externos como Receita Federal, Banco Central, Serasa, SPC e tribunais de justiça, além de consultas cadastrais em outros órgãos públicos.

Independentemente dos critérios e políticas adotadas pela empresa para classificar seus clientes e validar um risco de crédito, as soluções de Big Data Analytics aumentam a eficácia dos processos e reduzem as perdas em função de uma análise equivocada do perfil.

Isso porque esse tipo de ferramenta pode ser ajustada de acordo com os modelos e variáveis relevantes e pode combinar diferentes critérios de busca para cada companhia, gerando, assim, apenas as métricas e filtros de análise que fazem sentido para cada negócio.

Por meio do Big Data Analytics, a análise do risco de crédito se torna mais inteligente e responsável.

As instituições que investirem nesse tipo de ferramenta para gestão de riscos conseguem evitar perdas financeiras e estão um passo à frente da concorrência.

Entenda melhor como o Big Data Analytics funciona na análise precisa para concessão de crédito neste outro artigo que apresenta as funcionalidades da Plataforma Neoway.

Conclusão

Um dos pontos primordiais para a operação de análise de risco de crédito é ter agilidade para buscar e analisar as informações dos clientes.

É preciso saber com rapidez se tal potencial cliente terá como pagar pelo empréstimo, para não sucumbir à concorrência, por exemplo.

No entanto, também é necessário ter segurança em toda a esteira de operação. Uma gestão de risco de crédito eficiente, precisa contar com um bom número de fontes de informações e com a atualização dos dados analisados. Isso é fundamental para evitar prejuízos.

Vimos que plataformas de Big Data Analytics e machine learning conseguem reunir em um único sistema de análise fontes importantes, além de manter um alto grau de atualização dos dados verificados.

Mas, o mais importante é a capacidade de varredura em poucos minutos e a possibilidade de estabelecer padrões para análises preditivas.

Continue acompanhando as atualizações do blog da Neoway e fique por dentro das novidades sobre Risk & Compliance.

Se tiver alguma dúvida ou quiser conhecer melhor nossas soluções para análise e gestão de riscos, entre em contato e solicite uma demonstração.

Por 

Neoway

A Neoway é a maior empresa da América Latina de Big Data Analytics e Inteligência Artificial para negócios. Fundada em 2002, em Florianópolis, lançou a sua plataforma SaaS em 2012, e, hoje, está presente em todo o Brasil.

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