Inteligência artificial, Web3, internet das coisas, metaverso: muito se fala sobre tecnologias potencialmente disruptivas dentro das empresas como parte de uma agenda inovadora.
Será que o discurso de vanguarda se traduz no dia a dia e, de fato, gera valor? Uma pesquisa que avaliou o nível de maturidade digital das organizações brasileiras e os conhecimentos de CEOs e diretores sobre o tema indica que não.
O estudo foi realizado pela Meta (que não é o Facebook) com a Fundação Dom Cabral e observou as rotinas de estratégia de inovação e de transformação digital nas companhias. Conclusão: na maioria dos casos (70%), a percepção do impacto positivo para o negócio existe, mas o tema não avança internamente devido à falta de mecanismos claros para mensuração de resultados e processos bem definidos.
É uma questão cultural, diz Hugo Tadeu, professor e diretor do núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral. “Não adianta o CEO falar para os vice-presidentes que todo mundo precisa inovar, porque os perfis das pessoas são diferentes”. Como não existem agendas milagrosas e respostas rápidas para acelerar a inovação, é preciso ter coerência entre estratégia e execução para que todos fiquem na “mesma página” em relação aos objetivos.
Segundo Tadeu, empresas com alta maturidade em inovação têm as seguintes características em comum:
1 – Visão de futuro
Organizações que são referências no tema têm uma estratégia formal e documentada para o negócio e, a partir disso, elaboram projetos personalizados de inovação e transformação digital. “Se a estratégia for baseada em orçamento e resultado, está claro que os projetos são incrementais. Agora, se houver disponibilidade de investimentos para o longo prazo, a empresa pode se dar ao luxo de fazer um mapa de ações”, explica.
2 – Investimento em dados
“Dado tem a ver com eficiência”, resume o diretor da Fundação Dom Cabral. E as empresas inovadoras já entenderam o recado. Por isso, segundo ele, elas investem entre 5% e 20% de suas receitas líquidas no ambiente digital, sendo que grande parte do montante vai para projetos de dados e a adoção de técnicas de machine learning alinhadas com a visão de futuro da companhia.
3 – Estrutura organizacional adequada
A pesquisa identificou que a maioria das lideranças de tecnologia têm perfis excessivamente técnicos e pouco focados nas demandas de mercado. Tadeu conta que as empresas mais bem-sucedidas em inovação costumam ter duas diretorias na área, uma dedicada à infraestrutura (olhar interno) e outra à jornada do cliente e aos requisitos de tecnologia necessários para melhorar o negócio (olhar externo).
Ele também recomenda que o projeto de inovação e transformação digital tenha “dono”, ou seja, uma única liderança capaz de reportar à presidência e ao conselho de administração.
4 – Coerência no portfólio de projetos
Empresas maduras no tema conseguem equilibrar adequadamente os respectivos horizontes de inovação, conhecidos como H1, H2 e H3. No curto prazo, a preocupação é com a melhoria da infraestrutura para garantir a qualidade do produto ou serviço, enquanto no médio e longo prazos o radar estará direcionado para o entendimento do cliente, a análise de novas demandas de mercado e o desenvolvimento de negócios que acompanham essa evolução.
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