O DDB 2022, maior evento de Data Analytics do Brasil, contou com uma presença muito especial. A edição deste ano teve Daniel Kahneman, autoridade mundial em economia comportamental e autor do best seller “Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar”, para uma série de conversas fundamentais sobre como tomar decisões em um mundo imediatista, onde diversas informações surgem em alta velocidade.
O evento, que esteve na sua quinta edição, foi uma realização da Neoway ao lado da B3, a bolsa do Brasil. Os participantes puderam acompanhar conteúdos exclusivos e entender, de perto, quais são as principais tendências do mercado de data analytics, suas aplicações e como elas podem impulsionar os resultados.
Líderes, gestores, conselheiros e executivos tiveram a oportunidade de aprender a fazer escolhas estratégicas em momentos complexos, com grandes nomes do mercado.
Continue a leitura para conhecer o trabalho e a carreira de Daniel Kahneman e conferir os principais momentos do Nobel da Economia no DDB 2022.
Principais momentos de Daniel Kahneman no DDB 2022
O Data Driven Business 2022 começou com um bate-papo entre Daniel Kahneman e Rodrigo Barcia, Chief Transformation Officer da Neoway. A conversa englobou tópicos relevantes sobre a tomada de decisões nos negócios, embasados em temas atuais. Confira os principais momentos!
Influência de algoritmos enviesados na política
Kahneman falou sobre como os algoritmos enviesados facilitam a polarização política. Segundo ele, o voto não é um processo racional, pois os algoritmos influenciam os pensamentos das pessoas.
Uma pessoa com tendência a apoiar a pena de morte, por exemplo, ao ser exposta a opiniões mais radicais do que as suas, tem seu interesse reforçado pelo conteúdo, pois isso é uma tendência natural do ser humano.
Visto que o Google quer que as pessoas passem mais tempo na plataforma, ele escolhe as informações que cumprem com esse objetivo, e isso acaba por estimular uma polarização política.
A autoconfiança do ser humano e o poder da I.A.
Daniel mencionou o modo como enxergamos os algoritmos com desconfiança e que suspeitamos de tudo o que não é humano.
De acordo com o Nobel, a inteligência artificial apresenta diversos pontos positivos, e, ao contrário do que costumamos pensar, é estatisticamente comprovado que carros autônomos são mais seguros que veículos guiados por humanos, por exemplo.
No entanto, caso haja um acidente com um carro como o Tesla, nosso viés de pensamento tende a concluir que se fosse uma pessoa conduzindo o automóvel, isso não teria acontecido.
A interferência dos ruídos nas tomadas de decisão
Para Kahneman, que também é autor do livro: “Ruído: uma falha no julgamento humano”, precisamos tomar decisões com cautela, apesar da velocidade em que vivemos. Sua recomendação é usar o método do “pensamento lento”.
Segundo o especialista, esse mecanismo é uma forma de evitar o que chama de “ruído nas organizações”. O ruído costuma estar associado aos julgamentos pertencentes ao ser humano, e é altamente capaz de induzir a erros graves e gerar decisões equivocadas.
Daniel diz que é muito comum haver a influência de ruídos no mercado segurador, e cita o exemplo da avaliação de sinistros: “Em uma das consultorias que fiz para uma empresa de seguros, percebemos que a diferença do valor atribuído a um sinistro por avaliadores diferentes poderia chegar a 55%”, diz Kahneman.
Como acertar mais ao tomar decisões
Ao ser questionado sobre como podemos evitar decisões rápidas e intuitivas, que muitas vezes estão erradas, Kahneman mencionou dois sistemas para tomar decisões, o sistema 1, mais intuitivo e rápido, e o sistema 2, mais racional, e que demanda mais esforço.
O sistema 1 é o que responde quanto é 2+2. O sistema 2 é usado em momentos que requerem atenção, como o ato de parar o carro e virar à esquerda.
Sua orientação é não agir por impulso, esperar um pouco antes de tomar uma decisão, e usar dados nesse processo. Para ele, sempre que houver um grande volume de dados, as máquinas vão tomar melhores decisões que os humanos.
Quem é Daniel Kahneman
Daniel Kahneman nasceu em 05 de março de 1934, em Tel Aviv, hoje Israel. Sua infância foi permeada pela guerra, pois seus pais se mudaram para a França no início dos anos 1920 e ainda viviam na região quando ocorreu a invasão realizada pelas tropas da Alemanha, em 1940.
Seu pai foi levado durante a primeira grande captura de judeus e foi aprisionado no campo de deportação de Drancy, a noroeste de Paris. Posteriormente, a família conseguiu fugir para Paris e se estabeleceu na Riviera, Sul da França. Mas seu pai faleceu em 1944, de diabetes, um dia antes do Dia D (invasão das tropas aliadas em Normandia).
Em 1946, após o fim da guerra, Daniel Kahneman foi para Israel na companhia da sua mãe e da sua irmã. Oito anos depois se formou em Psicologia e Matemática pela Universidade Hebraica de Jerusalém, onde passou a ter mais contato com a vida acadêmica. Por um período teve uma atuação militar junto ao departamento de psicologia do exército israelense.
Na década de 1960, Daniel Kahneman iniciou a sua parceria com o pesquisador Amos Tversky e juntos construíram a Teoria da Perspectiva, anos depois intensificaram seus estudos sobre o mercado e o comportamento humano diante da tomada de decisão, lançando uma série de estudos juntos.
A importância dos estudos de Daniel Kahneman
Conhecido como um dos principais teóricos do segmento da economia, Daniel Kahneman é um escritor, psicólogo, professor universitário e um dos maiores especialistas em economia comportamental (disciplina que estuda os efeitos sociais, cognitivos e psicológicos na escolha dos indivíduos e suas respectivas vidas financeiras).
Os estudos de Daniel Kahneman sobre a tomada de decisão ajudaram a ciência a entender como é a ação humana (sendo ela instintiva e irracional) diante das diversas possibilidades de escolha. Ele também é autor da Teoria da Perspectiva, que explica como as pessoas se comportam diante de alternativas que envolvem riscos.
Em 2002, Daniel Kahneman foi laureado com o Prêmio Nobel de Economia, embora não seja economista. Segundo a premiação, uma das justificativas do prêmio está na grande contribuição do autor no entendimento do comportamento humano frente às incertezas e na descoberta do papel da psicologia cognitiva nesse cenário.
Em 2011 ele lançou o livro “Rápido e Devagar: duas formas de pensar”. A obra, que se tornou best seller contemporâneo, explica como se dá o processamento de informações no cérebro e em que tipo de sistema eles se dividem. Seja mais reflexivo ou ilógico: temos duas formas de pensar e elas se complementam.
Data Analytics: os dados como aliados dos negócios
Sem dúvidas, a presença de Daniel Kahneman no DDB 2022 foi uma oportunidade especial para quem deseja entender como as decisões impactam as empresas em um cenário cada vez mais desafiador, que exige atenção aos detalhes e um olhar constante para o futuro.
Sabemos que o mercado demanda rápidas mudanças e que existem uma série de transformações impactantes que virão pela frente. Por isso, é fundamental que as empresas também tenham agilidade e inteligência em suas escolhas.
A tecnologia possui um papel de protagonista neste cenário e os dados podem ajudar as pessoas a identificar as melhores oportunidades em situações incertas. Além disso, também podem trazer para os negócios:
- força competitiva e inteligência de mercado
- redução de custos e agilidade na produção
- produtos melhores e mais alinhados à demanda
- poder de negociação e barganha
- melhores experiências para os clientes, etc.
Agora que você já conhece mais sobre o Daniel Kahneman e viu seus principais momentos no maior evento de Data Analytics do país, confira outros momentos de destaque que aconteceram na 5ª edição do DDB 2022.
