O comprometimento das lideranças é a base do conceito de tone at the top, ele deve ficar claro e visível para todos que têm um relacionamento com a empresa, já que ajuda a garantir o sucesso da implantação das políticas de compliance.
Não é à toa que para implementar o compliance em uma empresa seja necessário envolver a alta administração. Seja para sua criação, manutenção ou aplicação, esse papel é imprescindível para o sucesso das medidas de conformidade. Acompanhe e entenda mais!
O que é tone at the top?
Tone at the top é um termo que pode ser entendido como “exemplo que vem de cima”. Ele se refere às lideranças de uma empresa (CEO, proprietários, presidente, etc) e a necessidade dessas figuras estarem engajadas e apoiarem as decisões da empresa.
O termo surge em um contexto em que a alta direção deve assumir a responsabilidade de promover e comunicar a cultura da empresa, bem como a visão, os valores e a missão, para todos os níveis hierárquicos.
Qual sua importância para o compliance?
Quando falamos de compliance, temos que lembrar que a aplicação das políticas de conformidade e integridade é algo que deve permear toda a organização e fazer parte da cultura da empresa.
Cabe às lideranças, nesse sentido, assumir uma função de patrocinadora dessas medidas, atraindo para si a atenção das pessoas da empresa para que, justamente, o exemplo venha de cima.
O Decreto nº 8.420, que regulamenta a Lei Anticorrupção, traz como o primeiro ponto para a avaliação dos programas de integridade de empresas envolvidas em práticas ilícitas o “comprometimento da alta direção da pessoa jurídica, incluídos os conselhos, evidenciado pelo apoio visível e inequívoco ao programa”.
Vale destacar, porém, que o tone of the top no compliance exige uma atuação extremamente ativa da alta administração. Participar de reuniões e apoiar abertamente os princípios do compliance é importante. Além disso, é preciso incorporá-los na sua rotina e assumir um papel de agente transformador da ética e da integridade.
Em outras palavras, mais do que parecer um exemplo, a liderança deve fazer aquilo que prega. Caso contrário, o programa de compliance estará fadado ao fracasso.
Afinal, de nada adianta investir na capacitação dos colaboradores, na adoção de canais de denúncia ou na criação do código de conduta se os outros níveis hierárquicos não enxergarem nas atitudes e decisões da alta direção o comprometimento com as medidas de compliance.
Como conquistar a confiança dos decisores da empresa?
Um dos maiores desafios dentro das empresas é superar a noção de que o compliance é apenas mais uma burocracia que deve ser cumprida, e não algo com potencial para alavancar a competitividade e gerar valor para a organização.
A superação dessa postura depende do engajamento das lideranças e dos gestores. Em muitos casos, um tone at the top falho acontece porque parte das pessoas envolvidas em cargos de gerência não enxergam na alta administração atitudes que os incentivem a atuar de forma mais ativa em relação ao programas e ferramentas compliance.
O resultado é que essa postura é rapidamente absorvida e internalizada pelo restante das pessoas, tornando as políticas de conformidade um mero fator para cumprir a legislação.
Para alcançar um tone at the top que seja positivo e impacte no clima ético da empresa, é preciso garantir que os princípios do compliance permeiam toda a organização. Isso se dá por meio de uma abordagem prática para promover a ética e a integridade como valores centrais da rotina corporativa.
E para que as lideranças engajem-se nessas pautas, é importante que o setor de compliance tenha acesso direto às lideranças e que suas solicitações sejam atendidas. Além disso, a alta direção também deve fazer parte das ações de treinamento e capacitação, aprendendo as diferentes abordagens e criando uma visão crítica sobre sua própria atuação.
Por fim, como vimos, a liderança deve assumir para si o papel de porta-voz dos compromissos pela ética e transparência dentro da empresa.
O compliance é importante não só para cumprir a Lei Anticorrupção e evitar sanções, mas também para manter a integridade e a saúde financeira das empresas, além de ajudar a criar um ambiente de negócios mais justo.
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