O cuidado com a qualidade dos dados e da informação não é uma novidade, mas a entrada em cena da LGPD tornou esse tema ainda mais essencial no roteiro das empresas.
Não é de hoje que a informação é considerada fundamental para o sucesso de qualquer empreitada. Há mais de 2 mil anos, o líder militar e filósofo chinês Sun Tzu já listava esse conhecimento como essencial para qualquer general que se preparava para uma disputa. Considerando que “A arte da guerra”, escrito por Tzu, ainda é um dos livros de cabeceira de muitos gestores, podemos fazer um paralelo com o mundo dos negócios atual: informação e, ainda mais importante, a disciplina de qualidade de dados são estratégicas na arte dos negócios.
No Brasil, essa premissa ficou ainda mais latente por conta de uma legislação que afetou todo o mercado, criando novas oportunidades de negócio, novas áreas de atuação e linhas de pesquisa na academia. Desde que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em cena, a necessidade de profissionais com habilidades em Qualidade de Dados aumentou de forma significativa.
Isso é bastante compreensível, já que a Lei traz a Qualidade de Dados como um princípio no Artigo 6º, inciso V.
V — qualidade dos dados: garantia, aos titulares, de exatidão, clareza, relevância e atualização dos dados, de acordo com a necessidade e para o cumprimento da finalidade de seu tratamento;
A LGPD trouxe a necessidade de aumentar a maturidade das companhias na Gestão dos Dados para tornar possível a continuidade de seus negócios, fomentando principalmente as áreas de Governança e Qualidade de Dados.
Assim, as empresas precisam urgentemente entender o racional da ciência de dados e como aplicá-la nos negócios.
Qualidade da informação vira Qualidade de Dados
E, curiosamente, apesar da ascensão recente desse assunto no Brasil, qualidade de dados também não é uma novidade.
Em 1980, o Dr. Michael L. Brodie já havia publicado o artigo “Data quality in information systems”, que até hoje é citado em novas publicações.
Além disso, impulsionadas pela necessidade de crescimento da produção industrial que pudesse atender às necessidades humanas, as empresas começaram a se preocupar não só com a produção, mas também com a qualidade. Com isso, tivemos a chegada da ISO 9001, que consolidou e evoluiu o conceito de Qualidade.
Aqui temos ainda um estudo feito pela Statista Research Department, que mostra uma previsão do volume de dados (em Zettabytes) produzidos, capturados, copiados e consumidos, no mundo inteiro.
Da mesma forma que em 1987 surge a necessidade de consolidar e evoluir o conceito de Qualidade por meio do crescimento da produção industrial, podemos visualizar o mesmo cenário acontecendo nos dias atuais com a produção massiva de dados. Surge uma necessidade ainda maior da Gestão de Dados e, consequentemente, a implantação de processos de Governança e Qualidade de Dados.
Uma produção desta magnitude, sem um controle de qualidade, pode criar anomalias bastante prejudiciais para todo um mercado. Extrapolando um pouco os cenários, uma anomalia nos dados de uma plataforma de armazenamento Cloud, por exemplo, pode fazer com que um arquivo seja armazenado em uma conta diferente da que tentou realizar o upload.
Esse problema não afetaria somente os negócios da empresa que apresentou o problema, mas afetaria também a confiabilidade de todo o mercado de cloud.
É inegável: os dados seguem em alta. Todos sonham com uma cultura data driven, seja em processos, estratégia ou produtos. No entanto, ser Data-Driven, sem qualidade de dados, é um risco enorme que não deve ser assumido.
Para se tomar decisões confiáveis, ter maior capacidade e precisão de predição, democratizar os dados e dar mais autonomia para seus colaboradores, é necessário entender se os dados disponíveis atendem de fato os requisitos de qualidade esperados para tal.
Qualidade traz confiabilidade aos dados
Um exemplo muito recente de problema de Qualidade de Dados, é a divulgação de casos confirmados da Covid-19. Alguns (de muitos) problemas enfrentados foram a falta de atualização dos dados e os falsos positivos e falsos negativos.
Sabemos que esses ruídos nos dados trouxeram uma insegurança para a tomada de decisão na contenção do vírus e criaram espaço para críticas, que se baseavam justamente na falta de confiabilidade nesses dados.
Ao implementar processos de Qualidade de Dados, os problemas de baixa qualidade ficam visíveis e podem ser atacados antes mesmo que eles possam afetar seu negócio, ou no mínimo, podem ser levados em consideração nas tomadas de decisão.
Nesse contexto, fica claro que para ser competitivo e estar à frente no mercado atual, é necessário aumentar a maturidade na Gestão dos Dados e, para iniciar esse trabalho, é importante mais do que investimentos em ferramentas de mercado.
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