As DAOs prometem revolucionar a forma de fazer novos negócios na nossa sociedade, que está cada vez mais digitalizada. Esse tipo de tecnologia sugere um novo tipo de governança e é muito segura, pois garante que todas as pessoas envolvidas tenham acesso a uma cópia dos registros das transações.
A seguir, vamos entender melhor esse conceito e seu funcionamento. Acompanhe!
O que é DAO e como surgiu?
DAO — ou Organização Autônoma Descentralizada, traduzindo a sigla em inglês — é o nome dado a grupos organizados digitalmente em ambiente blockchain. Como o próprio nome sugere, essas organizações não possuem uma liderança centralizada.
O modelo de DAOs foi desenvolvido em 2013, pelo fundador da criptomoeda Ethereum. Nelas, a governança é feita por quem detém tokens nativos de uma determinada plataforma. Ou seja, seus participantes tomam decisões de forma coletiva e sem divisões hierárquicas, permitindo a construção de relações sem intermediários.
Talvez o exemplo mais proeminente de DAO seja o Bitcoin. A criptomoeda mais famosa do mundo teve suas regras programadas de modo que todos os participantes pudessem auditá-la a qualquer momento,
Interessante ressaltar como as características de uma Organização Descentralizada Autônoma têm relação direta com a chamada Web 3.0. Essa é a evolução da internet, em que a web é mais fortemente baseada na tecnologia blockchain e é marcada pela descentralização das relações e decisões e pela tonekinização.
Assim, nesta nova etapa do mundo digital, as DAOs tendem a ganhar ainda mais força, sendo adotadas em uma diversidade maior de investimentos. Um exemplo que é muito utilizado é a aquisição do controle de clubes esportivos para estabelecer um novo modelo de gestão.
Como funcionam as organizações autônomas descentralizadas?
Diferentemente do que ocorre na maior parte das empresas, as Organizações Autônomas Descentralizadas não seguem as mesmas estruturas burocráticas e de governança corporativa. Tudo é feito por meio de linhas de códigos e contratos inteligentes que têm por objetivo dinamizar o processo de tomada de decisão.
Em organizações coletivas tradicionais, qualquer decisão ou mudança, por mais simples que possa ser, precisa ser aprovada por diferentes escalões. Isso geralmente traz muita burocracia e falta de dinamismo ao processo. Um exemplo claro disso são as decisões tomadas em um condomínio.
Por outro lado, nas DAOs tudo é feito digitalmente e sem diferenças de hierarquia. As aprovações são feitas com a participação de todas as pessoas envolvidas, de forma mais ágil e facilitada.
Como utilizam contratos inteligentes, assim que as condições de uma determinada decisão são alcançadas, as mudanças são executadas automaticamente.Para entender melhor como uma DAO funciona, utilizaremos como exemplo o mercado de NFTs.
Em um mercado em que muitas pessoas têm obtido lucros excepcionais, é comum que muitos se interessem na aquisição desses ativos. No entanto, nem todos terão o capital suficiente para isso.
Nesse caso, as pessoas interessadas podem se juntar e criar uma Organização Autônoma Descentralizada para investir em NFTs. Nessa DAO, cada investidor do grupo recebe um determinado token para cada real investido.
Assim que uma operação é realizada, o valor obtido é dividido automaticamente entre os investidores com base na quantidade de tokens que cada um possui. Todo esse processo é feito por meio de um contrato inteligente.
Importante dizer que os tokens não servem apenas para isso. Como vimos, as decisões em uma DAO são tomadas por todos que detém um token. No entanto, nem todos possuem a mesma quantidade.
Assim, numa situação hipotética em que um dos investidores discorda da decisão dos demais, ele pode usar seus tokens para dar voz aos seus argumentos e votar.
Vantagens e desvantagens da DAO
Podemos destacar quatro grandes vantagens do modelo de DAO:
- Estruturas horizontalizadas, em que os investidores estão na ponta da tomada de decisão.
- Maior transparência por conta da tecnologia de blockchains, que permite uma maior rastreabilidade de todas as operações e permite que todos os participantes possam verificar o andamento dos processos.
- Acesso facilitado a investimentos, uma vez que todo o funcionamento da organização se dá on-line.
- Maior segurança dos dados, uma vez que o blockchain garante que todos os dados sejam criptografados.
Claro que, por ser uma tecnologia nova, as DAOs levantam dúvidas e geram desvantagens que ainda precisam ser superadas. Entre elas está o fato de que o investimento em tokens pode trazer riscos, sobretudo se houver vulnerabilidades nos contratos inteligentes que regem a plataforma.
Recentemente, tivemos episódios de Organizações Autônomas Descentralizadas que foram hackeadas, levando a perdas milionárias para seus investidores. Foi o caso das plataformas DAO Maker e da The DAO.
Outro ponto de atenção diz respeito à propriedade dos tokens. É preciso que haja regras e diretrizes previamente firmadas para evitar que um único indivíduo concentre um volume muito grande de tokens e, com isso, tenha um poder de voto/decisão maior do que as outras pessoas. Caso contrário, a organização funcionaria como uma companhia tradicional.
Futuro e oportunidades de negócio com as DAOs
Uma vez que as tecnologias por trás das DAOs se tornem mais populares, acessíveis e seguras, as oportunidades baseadas neste modelo só tendem a crescer.
Antes de falarmos do futuro das DAOs, porém, é importante destacar que a Web 3.0 e as inovações que vêm na sua esteira estão em desenvolvimento. Isso significa que, sob uma perspectiva legal, jurídica e regulatória, a maioria dos países ainda não está preparada para lidar com esse modelo e as decisões que são tomadas.
Afinal, como comentamos, as Organizações Autônomas Descentralizadas operam inteiramente no ambiente digital. Ou seja, as decisões são tomadas sem que haja uma Pessoa Jurídica formada, com um endereço fiscal e sócios definidos.
Além das questões regulatórias, isso também traz complicações práticas, no dia a dia, para as próprias DAOs. Como abrir uma conta no banco ou contratar colaboradores, por exemplo? Outro desafio se dá por conta do uso de criptoativos nas operações, elementos que ainda carecem de maior regulação por parte dos governos.
O potencial dessas organizações pode ser explorado, por exemplo, em novos modelos de crowdfunding de operação fracionária. Nesse contexto, a tokenização imobiliária é uma das possibilidades.
Nesse caso, os investidores poderiam se juntar na criação de uma DAO em que a remuneração é feita de acordo com os tokens de cada uma das propriedades. Em um prédio residencial, por exemplo, as decisões seriam tomadas de maneira descentralizada e os investidores seriam remunerados conforme as regras previstas em contrato.
É possível que até mesmo governos passem a atuar dessa maneira, formando grandes organizações autônomas descentralizadas capazes de dar mais voz e poder aos cidadãos. Tudo em um ambiente digital, menos burocrático e mais transparente.
Como podemos notar, a assunto governança está intrinsecamente ligado às DAOs. Acesse A importância do programa de governança de privacidade e proteção de dados nas empresas e saiba mais sobre o tema.
