O papel do Compliance para os negócios têm sido amplamente discutido no mercado. Operações que antes eram consideradas simples, ganharam novas dimensões com o avanço da tecnologia e alguns desafios ficaram mais evidentes, como por exemplo, a gestão de riscos.
Visando enriquecer esse debate, a Neoway promoveu a Semana “Fala, Compliance!”. Convidamos líderes de mercado para compartilharem suas experiências.
Aliny Oliveira, Chief Compliance Officer do Banco BS2 e Renato Ferrari, Superintendente de Compliance da XP, comentaram diversos temas, entre eles a importância do onboarding na efetividade dos programas de PLD e FT no setor financeiro.
Selecionamos alguns insights relevantes desse encontro, leia abaixo:
1.Além dos desafios diários
O Compliance também se preocupa com a experiência do cliente
Um dos maiores desafios do Compliance é identificar, avaliar e monitorar os aspectos regulatórios. Mas a experiência do cliente também surge como um ponto de atenção dos gestores. No setor financeiro, os clientes buscam não só agilidade das instituições, mas também integridade e transparência.
“Ser compliance officer é um exercício diário, é preciso ter o engajamento geral da empresa e o envolvimento da alta gestão é fundamental. Atualmente temos um programa de Compliance bem estruturado, com todos os pilares, e a Prevenção à Lavagem de Dinheiro faz parte dessa gestão. Como somos uma instituição financeira, essa questão tem um peso muito importante. Além disso, há outros desafios, como a criação de um processo regulatório conectado ao que a área de produtos e os clientes esperam.”, comentou Aliny Oliveira.
Renato Ferrari comentou sobre a importância de pensar no cliente: “Também temos alguns desafios no programa de Compliance e um deles é alinhar expectativas. Por exemplo: hoje o cliente espera sair de um atendimento com a conta aberta, de forma rápida e eficiente. Abrimos contas o tempo todo, 24 por 7. Então, além de atender as regulamentações, também temos que garantir a confiança e a satisfação do cliente.
De fato, o mercado tem se atentado ao tema. Conforme a pesquisa CX Trends 2023, 70% dos consumidores gastam mais com empresas que oferecem experiências fluidas, personalizadas e integradas e 81% dos líderes pretendem investir em melhorias de experiência e suporte ao cliente, ainda este ano.
2.Automatização de processos
A tecnologia como aliada no onboarding e monitoramento
O aumento da eficiência operacional e a redução de erros são aspectos significativos na performance do Compliance. As análises automatizadas são feitas em conformidade com regulamentações externas e com as políticas da empresa.
Além de ajudarem na prevenção de riscos reputacionais, fazem com que processos essenciais ao Compliance (como background check,KYC, KYE, etc) sejam muito mais rápidos. Para se ter uma ideia, com as soluções da Neoway, é possível fazer diligências em segundos. Mas, afinal, como unir a força da tecnologia com a inteligência humana para ter melhores resultados?
Aliny Oliveira comentou um pouco sobre sua experiência: “Estamos em um processo de automatização e a Neoway é a nossa parceira. Também tivemos o apoio de uma consultoria que nos ajudou a fazer uma análise de avaliação de risco e a entender o apetite ao risco.
Desse processo, nasceu uma calculadora. Hoje ela está automatizada e ajuda a fazer o cálculo do risco, se é: Baixo, Médio ou Alto ou Muito Alto. Dependendo do caso é automatizado, quando é alto ou muito alto, o time de prevenção à lavagem de dinheiro verifica manualmente.”
Renato explica que no Grupo XP o processo é bem parecido: “Nosso processo é automático e quando é algo muito significante, ele deriva para uma mesa de análise. Tentamos ter o processo mais automatizado possível, pois o volume de captação é muito grande. Vale observar que essa análise não se limita aos clientes, é usada para outras relações: fornecedores, parceiros, colaboradores, etc.
Outra questão, é o monitoramento contínuo: “O onboarding é muito vivo. O cliente pode entrar sem risco e o risco pode surgir no andamento. Por isso, a importância do monitoramento contínuo. Além disso, há outros aspectos: o onboarding não é só para analisar o risco do cliente, mas saber se ele efetivamente é o cliente. Existem muitas fraudes, a nossa vida como compliance officer tem sido cada vez mais desafiadora.” completou Renato.
3.Melhoria contínua
O Compliance se beneficia da integração com outras áreas
O último mapeamento da KPGM sobre a Maturidade de Compliance do Brasil mostrou que 76% dos entrevistados enxergam a integração do Compliance com outras áreas como um dos principais desafios do setor. A integração, além de garantir processos mais ágeis, permite a união de forças entre as áreas e trocas significativas para uma ajuda mútua.
“Estamos muito próximos do time de prevenção à fraudes, temos dados que se conversam bastante. Assim, uma área dá suporte a outra. Também estamos atentos às recomendações do Banco Central, sobre a revisão das regras, afinal a melhoria contínua é fundamental nesse processo”, explica Renato.
“Também estamos próximos do time de prevenção à fraudes, temos uma conexão no onboarding e no monitoramento, por exemplo. Estamos trabalhando na concatenação de tudo isso. Hoje, não basta mais termos as regras de prateleira, contamos com a inteligência artificial para reduzir o falso positivo e para ter alertas mais inteligentes. Sobre o processo de melhoria contínua, também é importante ter flexibilidade: as fraudes evoluem e mudam rapidamente, e estamos atentos a isso” comentou Aliny.
4.Cultura interna
Como desmistificar o compliance e garantir perenidade ao negócio?
É de amplo conhecimento que a cultura interna é essencial para o fortalecimento do Compliance. O envolvimento de toda a empresa faz com que ele realmente seja efetivo. Para colocá-la em prática, existem alguns passos. Renato e Aliny também comentaram o assunto e trouxeram dicas importantes:
Segundo Renato: “É preciso ter o comprometimento da alta administração, criar políticas bem definidas e ter um programa que faça com que o Compliance esteja presente no dia a dia das áreas. Outro ponto importante é a comunicação: é preciso saber se comunicar de uma forma clara, criar treinamentos eficazes, que façam sentido para as pessoas que estão envolvidas no processo”
“Se não tivermos o envolvimento e exemplo da alta administração, o programa de compliance não se sustenta. Além disso, é preciso fazer essa construção com outras áreas, garantir uma comunicação efetiva. O Compliance está no dia a dia da empresa, conectado com todos (com o colaborador, com o terceiro, etc). O Compliance precisa ser disseminado, é um exercício diário”, complementou Aliny.
Como conclusão, os entrevistados reforçaram que a construção do Compliance é feita em parceria, pensada em conjunto. É também um processo que demanda atualizações e deve ser melhorado constantemente.
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